sábado, 16 de junho de 2012

REPENSANDO A AVALIAÇÃO: AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM


RESUMO

O presente artigo tem como objetivo estudar e adquirir maiores esclarecimentos sobre a questão da Avaliação da Aprendizagem e, ao mesmo tempo, propor aos educadores, novas perspectivas para a avaliação. Para tanto, buscamos em autores diversos, propostas e sugestões sobre como proceder para que a avaliação não seja considerada um fim, mas um meio pelo qual o educador possa avaliar o educando e seu próprio desempenho, procurando compreender o progresso cognitivo do educando e sua real produção, num processo que deverá ser contínuo e progressivo proporcionando aprendizagens significativas. Chegamos a conclusão que os educadores devem refletir sobre suas práticas e buscar não só a problemática que envolve a avaliação de aprendizagem, mas também ações que promovam mudanças mesmo que gradativas, até que possamos, um dia, atingir o ideal. Neste estudo de caráter teórico, o objetivo foi estudar as diferentes linhas de pensamentos sobre a Avaliação do Rendimento Escolar e, ao mesmo tempo, ampliar conhecimentos sobre este assunto, a nosso ver, tão polêmico e tão mal assimilado por alguns educadores. Ir além da visão tradicional, a qual focaliza o controle externo do educando mediante notas ou conceitos.

Palavras-chave: Avaliação da Aprendizagem; Aprendizagem Significativa; Formação do educador.

Acadêmicas: Elisangela Simon, Luana......., Mirelle Fernanda Martins, Patrícia........ , Sidnéia Ferreira dos Santos.  Faculdade Sul Brasil – FASUL1
Docente Faculdade Sul Brasil – FASUL






INTRODUÇÃO
 

Para grande maioria das pessoas que passam ou passaram por uma escola, estes termos: sabatina, exame, teste, simulado e avaliação, têm uma conotação negativa. Isso se deve sem dúvida as experiências negativas em relação à avaliação. Vejamos um texto sobre um dia de prova

O professor de geografia entra na sala e anuncia - Hoje é dia de prova. Vê-se a ansiedade em todos os rostos. Com afobação, cada um pega uma folha de papel. Durante o ditado das questões, escutam-se gritos de alegria ou desolação. Depois alguns se põem imediatamente ao trabalho e escrevem sem parar. Outros, ao contrário, têm um ar pensativo e olham o teto acreditando lá encontrar inspiração. Alguns chupam o lápis, fixando o olhar sobre as folhas que continuam brancas, às vezes lhes vem de repente uma idéia por sua vez eles se põem a trabalhar. Alguns com as mãos sobre a testa refletem profundamente. O professor pede os trabalhos, porque é hora de devolver. Os alunos cuja as folhas ficaram quase brancas tentam nos últimos momentos que restam, acrescentar alguma coisa. E, com tristeza, os retardatários devolvem suas folhas. O último pensamento que têm em relação à prova é a nota. Aqueles que foram bem sucedidos a esperam com impaciência e os outros, com temor. (PILETTI, 1984, p.192)
Percebe-se um clima de insegurança, ansiedade e medo gerado pela avaliação. É necessário que os educadores reflitam sobre suas práticas avaliativas, no intuito de esclarecer e abrir novos horizontes para avaliação escolar, considerando o desenvolvimento integral e individual de cada aluno.


MATERIAIS E MÉTODOS
 

Neste capítulo será apresentado o caminho percorrido para responder ao problema de pesquisa ou testar as hipóteses levantadas.
Cabe ao pesquisador, dependendo do tipo de pesquisa desenvolvida, apresentar a população ou amostra investigada, os instrumentos utilizados (entrevista, questionário, observação, formulários, equipamentos) e os procedimentos adotados na coleta de dados. Além disso, deve indicar de que forma analisou os dados obtidos em sua pesquisa.

RESULTADOS
.
. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacional (PCNs) 1997.       
A avaliação deve ser compreendida como um conjunto de atuações que tem a função de alimentar, sustentar e orientar a intervenção pedagógica. Acontece contínua e sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do conhecimento construído pelo aluno. Possibilita conhecer o quanto dele se aproxima ou não da expectativa de aprendizagem que o professor tem em determinados momentos da escolaridade, em função da intervenção pedagógica realizada. Portanto, a avaliação das aprendizagens só pode acontecer se forem relacionadas com as oportunidades oferecidas, adequando as situações didáticas propostas aos conhecimentos prévios dos educandos e aos desafios ao serem enfrentados.
Sendo assim, a avaliação deve adequar - se á natureza da aprendizagem, considerando não só os resultados, mas também o processo. Por isso é fundamental acompanhar as tentativas realizadas pelo aluno, sua interação com os outros alunos, recursos e estratégias utilizados.
Segundo Bassedas 1999, a finalidade básica da avaliação é que sirva para intervir, tomar decisões educativas, para observar a evolução e o progresso da criança e para planejar se é preciso intervir ou modificar determinadas situações, relações ou atividades na aula.
O mais importante não é emitir um juízo, determinar uma situação, mas propor hipóteses contrastá-las com outras pessoas adultas que se relacionam com a criança, comprová-las e modifica-las quando se considerar que não correspondem a evolução da criança.
Quando avaliamos não o fazemos somente em relação á evolução da criança, mas também ao nosso programa e a nossa intervenção educativa. Desse ponto de vista verificamos que a avaliação serve para valorizar o que acontece quando colocamos em prática o programa e planejamos previamente e para verificar se é preciso modificar ou não determinadas atuações. Nesse caso, a avaliação esta sendo utilizada para recolher informações que ajudam a melhorar as propostas que fizemos em aula.
Devemos entender a avaliação como uma tarefa didática necessária e permanente na ação educativa, acompanhando passo a passo o ensino aprendizado. Comparar os resultados obtidos com os objetivos propostos, a fim de constatar evoluções, dificuldades e reorientando o nosso trabalho. A avaliação deve ser usada em prol do aluno e também para auxiliar o trabalho do educador, com função diagnóstica, mediadora, significativa e acompanhamento do desenvolvimento do aluno.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM  - AVALIAÇÃOTRADICIONAL

A avaliação tradicional baseia-se em uma concepção rígida do desenvolvimento humano e da aprendizagem na instituição escolar, ou seja, o processo é de inteira responsabilidade do adulto educador, separando os eleitos dos não eleitos. Assim sendo, essa pratica exclui uma parte dos alunos e admite, como aceitos, uma outra, manifestando-se pois, como uma pratica seletiva.
Segundo SAUL a avaliação da aprendizagem, definida como uma das dimensões do papel do professor transformou-se numa verdadeira ‘arma’, e um instrumento de controle que tudo pode. Através do uso exacerbado do poder, o professor mantém o silencio, a ‘disciplina’ do aluno (...)
A avaliação tradicional está mais articulada com a reprovação do que com a aprovação, pois os educadores usavam a avaliação como meio de castigo para seus educandos, impondo sua autoridade, e isto com certeza, não tem nada a ver com uma efetiva avaliação da aprendizagem
A avaliação do rendimento escolar é utilizada como instrumento de controle disciplinar, de discriminação do aluno, de controle de sistema de classe social, de forma ameaçadora. Pressupondo uma homogeneidade a clientela escolar, ela propõe igualdade de condições a classes heterogêneas, com o contexto de vida diferente, desconsiderando o ritmo de aprendizagem própria de cada aluno. Com isso crava o destino do aluno, decide trajetórias de  vida baseada em reprovação e aprovação(...) (SOUZA, 1194 p.129)
Para GANDIN e GANDIN, a avaliação é conseqüência do tipo de ensino que se faz, e passou a limitar-se dentro das seguintes características: centrou-se no aluno individualmente, como única realidade a ser avaliada, burocratizou-se em notas ou conceitos, perdendo a vida, a esperança, limitou-se a conteúdos preestabelicidos, muitas vezes sem sentido, levou os alunos a se interessarem acima de tudo pela nota, a usarem todos os esquemas para ‘passar’ de ano, envenenou as relações professor-aluno e aluno-aluno, glorificou a memorização como se ela fosse mais importante do que a observação, a duvida, a elaboração de hipóteses, a controvérsia, análise, a síntese, o espírito critico, a participação, levou o professor a confundir o que se faz – transmissão de algumas formulas prontas – com que pensa que faz – ajudar as pessoas a crescerem, a saberem, a se conscientizarem, a terem a sua identidade.

AVALIAÇAO CONSTRUTIVISTA
Nas ultimas décadas a aplicação das idéias e princípios do construtivismo despertaram muito interesse de educadores e estudiosos e ainda continua despertando principalmente quando se refere avaliação em contextos construtivistas.
O professor é um educador. Educação é um ato essencialmente humano. O homem, porem, é um ser limitado, precisa do outro para viver, para se realizar, para construir um ‘mundo melhor ‘, e esse ‘mundo melhor ‘ esta condicionado aos valores da sociedade que o homem construiu ou reconstrói permanentemente. (SANT’ANNA, 1995 p.23)
Nessa visão podemos definir avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no sentido de que a avaliação, por si é um ato acolhedor, integrativo e inclusivo. O professor tem claro que educar é fazer a historia do aluno, dirigindo e direcionando-o rumo aos seus anseios.
Para PIAGET, não há operação sem cooperação, o que indica a importância da participação dos colegas e do professor como problematizador.
Podemos afirmar, então que para avaliar dentro de um contexto construtivista, é preciso entender que aprendizagem se constrói individualmente, ou seja, com um sujeito concebe e interpreta a sua própria realidade, neste sentido a avaliação deve recair sobre o processo de construção de conhecimento e não sobre o resultado final obtido.
A avaliação deve voltar-se para o que estava acontecendo antes, o que está acontecendo agora e o que poderá acontecer depois com o educando, a medida que ele está a serviço de uma formação construtivista que olha para o ser humano como um ser em construção permanente.

AVALIAÇÃO DIAGNOSTICA
Existe atualmente, uma grande necessidade em rever a pratica da avaliação educacional. Tal constatação requer uma nova postura em avaliação, precisa que o educador torne o ato de avaliar, num processo continuo e prazeroso e acima de tudo que a avaliação se constitua num diagnostico da aprendizagem. A avaliação, como um ato diagnostico, tem por objetivo a inclusão e não exclusão, a inclusão e não a seleção. O diagnostico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar decisões no sentido de criar condições para a obtenção de uma maior satisfação daquilo que se esteja buscando ou construindo.
Esse tipo de avaliação oferece ao professor a oportunidades de verificar continuamente, se as atividades, métodos, procedimentos, discursos e técnicas que ele utiliza estão possibilitando ao aluno alcançar os objetivos propostos. Assim comparando os resultados obtidos, com a sondagem inicial, constatará o que o aluno se apropriou e qual a sua possibilidade para um trabalho futuro.
Devemos ter a compreensão que a avaliação auxilia a aprendizagem, e uma vez que fizermos bem a avaliação estaremos atentos as necessidades dos educandos e com certeza poderemos ficar na espera de seu crescimento.

AVALIAÇÃO MEDIADORA
Essa avaliação é chamada de mediadora porque serve de parâmetro para quem ensina e quem aprende. É uma relação dialógica na construção do conhecimento. Ela deve corresponder mais a uma auto-analise, do que como um instrumento de reforço ou de um controle de comportamento. Dessa forma, a avaliação deve estar a serviço do aprendiz, como uma ferramenta de auxilio, tanto para o aluno, quanto para o professor, apontando o momento em que esta deve sair em auxilio do primeiro, mostrando-lhe suas falhas, para que reflita sobre as mesmas. A avaliação assim entendida, também será indicativa da forma de intervenção do professor ao abordar o aluno
Sendo assim esta avaliação exige a observação individual de cada aluno. Através dela o professor deve avaliar o aluno na sua potencialidade, na sua construção do conhecimento e fazendo com que esse aluno se aproprie do conhecimento. 
O que é essencial nesta avaliação é prestar muita atenção nos educandos, conhecê-los bem, entender suas falas e argumentos, desafiá-los para a busca de alternativas para uma ação educativa voltada a autonomia moral e intelectual. É fundamental também a reorganização do saber, a promoção interativa da afetividade e a investigação de novas estratégias.
Há necessidade que ocorram muitas mudanças, para que a avaliação construtivista mediadora se processe de forma desejável e cumpra seu papel. Uma das mudanças seria encarar o educando como um sujeito de sua historia, do seu próprio desenvolvimento e aprendizagem, seria preciso entender que ele é um ser autônomo dotado de criatividade, portanto um ser critico e participativo.
A melhor forma de entendermos a avaliação mediadora é colocá-la em pratica, pois a fundamentação dessa avaliação está na organização/reorganização dos conhecimentos e na passagem da ação para a conceituação.

AVALIAÇÃO DIALOGICA
A avaliação dialógica permite identificar as respostas verdadeiras das não verdadeiras, cabe ao educador saber habituar e oportunizar seus alunos e responder espontaneamente, deixando os pensamentos se  manifestarem de forma clara e precisa, contribuindo para a verdadeira construção do conhecimento.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
 


NOVAS POSSIBILIDADES PARA A AVALIAÇÃO

O educador que está  constantemente buscando aperfeiçoar a sua ação educativa tem no processo de avaliação, um valioso recurso não só para perceber melhor a si mesmo, como também avaliar que efeitos a sua forma de atuar vem exercendo sobre os educandos.
Observar e avaliar a nossa própria forma de atuar, estar atento ao comportamento do educando, a sua forma de pensar, ouvir seus interesses e atuar positivamente para que superem as próprias dificuldades, todos estes aspectos juntos, tem muito a ver com o processo de avaliação e com a educação de qualidade.
Mas será que só o fato de estarmos preocupados, com a nossa pratica pedagógica e avaliativa é suficiente para que aconteça alguma mudança? Sabemos que a tomada de consciência seria o passo inicial, mas é preciso por em pratica e não ter medo de enfrentar os desafios que virão pela frente. Quando o educador passa a compreender a importância de seu trabalho individual e se conscientiza que o primeiro passo é e deve ser dele, a dimensão transformadora de sua ação passa a sustentar a sua pratica, levando a comunidade educativa em que esta inserida, também a ser instigado a promover mudanças coletivamente.

ALTERAR A METODOLOGIA DE TRBALHO EM SALA DE AULA
O professor tem em suas mãos, a oportunidade de transformar o seu espaço educativo, em sala de aula, num lugar agradável de construção de conhecimentos, pois é realizando um trabalho participativo entre professor e aluno, que encontraremos respostas para os problemas de aprendizagem e indisciplina na sala de aula.
O educador deve rever sua pratica pedagógica, pois a origem de muitos problemas de sala de aula encontra-se aqui. Deve procurar desenvolver um conteúdo mais significativo e uma metodologia mais participativa, de tal forma que diminua a necessidade de recorrer a nota como instrumento de coerção.(VASCONCELOS, 1994  p. 55).
Precisamos manter uma constante vigilância sobre cada aspecto de nossa pratica docente, para que essa pratica não chegue a uma estagnação. Não podemos estabelecer um marco de referencias e tomá-lo como terminado, pois o processo ensino-aprendizado é continuo e necessita de uma busca constante de novas possibilidades para tornar o ensino mais atraente para os alunos.

DIMINUIR A ÊNFASE NA AVALIAÇÃO
A avaliação apresenta-se como atividade associada à experiência cotidiana do ser humano. Frequentemente nos deparamos analisando e julgando a nossa atuação e a dos nossos semelhantes, os fatos do nosso ambiente e as situações nas quais participamos. Por que então a avaliação dentro do sistema educacional precisa ser sistematizada e ter dia e hora marcada para acontecer?
Avaliação deve ser contínua para que possa cumprir sua função de auxílio do processo ensino-aprendizagem. A avaliação que importa é aquela feita no processo, quando o professor pode estar acompanhado a construção do conhecimento pelo educando;verificando os vários estágios do desenvolvimento dos alunos e não julgando-os apenas num determinado momento.
Para VASCONCELLOS, fazer a avaliação não no cotidiano do trabalho em sala de aula, mas em momentos especiais, causou e causa sérios problemas para a educação escolar. Segundo ele, , a uma profunda desvinculação da avaliação com o processo educacional, gerando com isso não só nos alunos, mas a toda população uma exagerada ênfase e conseqüentemente uma distorção no sentido da avaliação.
Porém, VASCONCELLOS, evidencia que não se trata de acabar com a avaliação, porque no seu verdadeiro sentido, a avaliação sempre fará parte do processo de ensino-aprendizagem, pois os professor não poderá propiciar uma aprendizagem a menos que esteja constantemente avaliando as condições do processo de construção do conhecimento, para que possa dar continuidade ao seu trabalho.
            O autor nos propõe que devemos iniciar nossos mudanças partindo das séries iniciais, levando em conta que na Educação infantil a avaliação se processa basicamente pela observação e acompanhamento do processo de desenvolvimento da criança, então por que nas séries subseqüentes precisa ter provas com horário e data marcada?
            E quando já se convive com a realidade presente no sistema educacional, VASCONCELLOS, sugere processas mudanças em dois níveis:
- Séries Iniciais – a implantação deve ser gradativa, iniciando por exemplo, num ano, na 1° série do Ensino Fundamental e no ano seguinte, a escola iria implantando de acordo com sua realidade, mas garantindo a transformação da prática avaliativa;

- Séries Mais Adiantadas – geralmente se encontra maiores resistências, em razão do problema já estar mais enraizado nos padrões tradicionais, dificultando a ação, mas isso, não deve nos impedir de tentar novas possibilidades, o que o autor sugere, é que a diminuição da ênfase na avaliação seja paulatinamente.
            O professor deve aproveitar a oportunidade da introdução de novas práticas para abrir debates, fazer reflexões com os alunos sobre suas experiências com a avaliação e sobre a necessidade de mudança. É importante que a discussão seja em cima de práticas concretas, para não ficar somente no discurso.

ALTERAR A POSTURA DIANTE DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO

            A avaliação deve servir para o professor o que da sua mensagem foi passado, se foi atingido seu objetivo de transmitir idéias na construção do conhecimento do aluno e não para classificá-lo de acordo com os resultados obtidos nas avaliações. O que adianta o professor dizer aos alunos: você tirou 100, “meus parabéns”, agora, você tirou 40 e precisa estudar mais. A avaliação, neste caso, não é um processo de transformação da prática pedagógica, mas sim uma forma de limitar a avaliação em servir de classificação de objetos.
            A avaliação, segundo VASCONCELLOS,  deve servir de reflexão para novas alternativas de superação dos problemas, para ele a avalaição deve ter efeito prático de mudar a forma de trabalho tanto do professor, quanto do aluno, quanto a escola:
Professor - Organizar recuperações de conteúdos, não da nota; retomar assuntos; explicar de outra maneira; mudar a forma de organizar o trabalho em sala de aula; dar atenção especial aos alunos que tem maior dificuldade, etc.
Aluno – Empenhar-se mais; dar mais atenção a matéria quew tenha dificuldade; rever esquema de participação em sala de aula; rever métodos de estudo; etc.
Escola – Dar mais condições de estudo; espaço para recuperação; revisão de currículo; integração entre professores, etc.
            Outro fato importante, citado por VASCONCELLOS, para alterar a postura diante dos resultados da avaliação é a Importância do Erro na construção do conhecimento. Segundo ele, a valorização exclusiva da resposta certa, nega todo o processo de construção do conhecimento, um caminho em que o educando está tentando e não está tendo resultado adequado. É neste momento que o educador deve interferir para reorientar o educando a construir seu conhecimento.
            Outro problema que os educadores devem evitar, segundo VASCONCELLOS, é as Profecias Auto- Realizantes, que consiste em rotular os alunos bons e maus, mesmo antes de conhecer e trabalhar com estes alunos.
            Os conselhos de classe, podem se tornar importantes estratégias na busca de alternativas para superar os problemas pedagógicos, desde que observados alguns critérios citados por VASCONCELLOS:
- Devem ser feitos durante o ano e não no final, quando pouca coisa pode ser modificada;
- Devem contra, na medida do possível, com a participação de toda a comunidade educativa, para que se tenha a oportunidade de uma visão de conjunto;
- O enfoque principal deve ser o processo educativo e não as “notas”;
- Decisões sobre providências devem ser tomadas, registradas e avaliadas no conselho seguinte, de modo a se fazer história;
Outro aspecto relevante é a “famosa Recuperação de Estudos” que apesar de apontar uma grande solução para o problema de aprendizagem, não passam de propostas que não saem do papel.
VASCONCELLOS ainda nos alerta quanto à questão da Reprovação, dizendo que esta não deveria ser surpresa pra ninguém, pois deve-se fazer o possível e o impossível para evitar esse processo, mas quando não sobrar mais nenhuma alternativa, que pelo menos seu processo de definição seja democratizado.

A reprovação deve ser um recurso extremo, deve ser estudado caso a caso, no momento que mais se adequar a cada aluno. Quer a decisão seja reprovar  um aluno com dificuldades, esta deve sempre ser acompanhada de encaminhamentos de apoio e ajuda para garantir a qualidade da aprendizagem e o desenvolvimento das capacidades esperadas. (PCNs, 1997, p.89).

CONCIENTIZAÇÃO DA COMUNIDADE EDUCATIVA
Para VASCONCELLOS, na concepção democrática de organização da escola, a participação de todos os segmentos da comunidade educativa é fundamental, pois avaliar equivale à troca sincera entre professor e aluno, entre equipe pedagógica e professores, entre pais e professores e entre escolas e sociedade.
O objetivo maior é de avançar no processo de ensino-aprendizagem, oferecer uma educação de qualidade, contribuir efetivamente na formação de pessoas críticas, capazes de assumir seus erros e lutar para vencê-los, mas para tudo isso se faz necessário redimensionar a prática da avaliação, onde todos os envolvidos tenham sua parcela de contribuição. Isso porém, não é uma tarefa fácil e o primeiro passo depende exclusivamente do educador.
Nesta perspectiva, VASCONCELLOS, nos indica alguns direcionamentos que podem nos proporcionar reflexões e contribuir na nossa busca por nvas possibilidades para a avaliação:

-“A construção de critérios comuns – O educador tem a tarefa de lutr para criar uma nova mentalidade junto aos alunos, aos colegas de trabalho e aos pais, superando o senso comum a respeito da avaliação”. (VASCONCELLOS, Concepção dialética libertadora do processo de avaliação escolar, p. 75) .
- “Aproveitamento coletivo -  A aprendizagem escolar é uma tarefa coletiva, pos isso deve-ser incentivar entre os educandos, o caráter comunitário da aprendizagem, a colaboração dos colegas é fator de crescimento mútuo, imprescindível no processo de construção do conhecimento”. (VASCONCELLOS, p.75).
 - “Trabalho com a família – Não devemos nos esquecer de fazer a conscientização dos pais, pois muitas escolas enfrentam muita resistência simplesmente porque se “esqueceram” de comunicar aos pais as mudanças de propostas e de práticas em relação à avaliação. (...) A família deve ser orientada, no sentido da avaliação, pois muitas vezes os pais são os primeiros a darem destaque à avaliação, enchendo os filhos de perguntas sobre as datas de provas, sobre a matéria que irá cair, etc.” (VASCONCELLOS, Concepção dialética libertadora do processo de avaliação escolar, p.76.)
 -  “Avaliar não só o aluno -  Uma das graves distorções na avaliação escolar é a sua aplicação restrita ao aluno; aprece que o professor, livro didático, currículo, direção, escola, estão ‘acima de qualquer suspeita’ (...). A avaliação deve levar á mudança do que tem que ser mudado, a todo nível do sistema educacional para garntir que se concretize o novo projeto social”. (VASCONCELLOS, p.78).
            Só poderá estimular a reflexão e a mudança, aquele que é capaz de pensar por si mesmo e tem a coragem de enfrentar novos desafios. Só poderá pensar por si mesmo e tem a coragem de enfrentar novos desafios. Só poderá favorecer a formação se seres críticos, aquele que assume uma atitude crítica perante seu próprio trabalho no processo de construção de conhecimento de seus educandos. Só poderá colher os frutos de uma nova experiência aquele que sabe que os erros são respostas que sinalizam novos pontos de partida.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 

A avaliação é parte do aprendizado. A maneira de concebê- la e a forma de aplicá –la, no entanto, modifica- se ao longo do tempo.
 Atualmente, a avaliação é percebida como um processo que acompanha permanentemente o ensino que o professor promove e o aprendizado que ocorre com cada aluno. O propósito da avaliação é detectar pontos fortes e aspectos a serem superados durante a interação professor – aluno, fornecendo informações relevantes a todos os envolvidos nesse processo. Os critérios previamente definidos orientam valores sobre o que se obteve ou está em via de ser obtido, e os caminhos a serem seguidos para que cada um dos participantes chegue ao aprendizado esperado, apoiando- se para isso no diálogo, na compreensão e autocríticas permanentes.
Para que a avaliação sirva á aprendizagem é essencial conhecer cada aluno e suas necessidades. Os instrumentos de avaliação devem contemplar as diferentes características dos estudantes. Qualquer que seja o instrumento que adote, o professor deve ter claro se ele é relevante para compreender o processo de aprendizagem da turma e mostrar caminhos para intervenção visando sua melhoria.

REFERÊNCIAS
 


ALVARENGA, Georfravia Montoza (org). Avaliação: o saber na transformação do fazer. Londrina: Núcleo de pesquisa em avaliação educacional, 2002.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

GANDIN, Danilo: Luís Armando. Temas para um projeto político pedagógico. Petrópolis: Vozes, 1999.

PILETTI, Claudino. Didática geral. 2° ed. São Paulo: Àtica, 1984.

SANTANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar: critérios e instrumentos. Petrópolis: Vozes, 1995.

SOUZA, Clarice Prado de. Avaliação do rendimento escolar. 3° ed. Campinas: Papirus, 1994.

VASCONCELLOS, Celso dos S.  Concepção dialética libertadora

do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 1994 – Cadernos pedagógicos do Libertad, v.3.




Nenhum comentário:

Postar um comentário