FERNANDO
DE AZEVEDO E EDUCAÇÃO
BROTTO, Elaine
Cristina
SIMON,
Elisangela
ROBERTO, Marcos
SAUER, Salete
RESUMO: Uma análise sociológica sobre Fernando de
Azevedo na educação brasileira, suas
falas e contribuições que ficaram para dar continuidade na história da evolução
da educação.Suas idéias de reconstrução
PALAVRAS- CHAVE: educador; sociólogo; mudança social:
biblioteca pedagógica; fundador; diretor; prêmios; humanismo.
INTRODUÇÃO
Fernando de Azevedo
nasceu em Minas Gerais
em 1894 e faleceu em São Paulo
em 1974, morou em diversos estados brasileiros, e mesmo sendo formado em
direito, jamais advogou, dedicando boa parte de sua vida à docência e ao estudo
sobre a educação. Esteve adiante da maioria dos educadores de seu tempo,
levantando as bandeiras históricas da burguesia progressista e liberal.
Ao pensar num projeto
de reconstrução nacional, viu na democratização da educação um meio eficaz de
conquistar tal fim e para tanto, as transformações seriam de dois níveis. Uma
interna, no próprio sistema educacional que deveria valorizar a ligação da
escola com o meio social e a outra se daria no sistema econômico, onde está a
base do planejamento social.
Ao pensar na
possibilidade da educação como fator de transformação, suas idéias conduzem a
questões importantes, como a questão dos vínculos entre educação e sociedade, a
correlação entre o velho humanismo e a pedagogia clássica. Abandonou o tabu do
humanismo clássico, substituindo-o pelo neo-humanismo, que visava preparar o
homem a dar uma contribuição social eficaz e transformadora da sociedade. Tem
em si, a visão otimista do século XIX, achando que o conhecimento científico
levaria a uma mudança.
Intelectual de uma época em transição,
seu pensamento reflete a ambigüidade de nossa realidade em mudança – industrialização,
revolução de 30, estabelecimento do Estado Novo, entre outros.
Sua produção intelectual
mais importante situa-se entre 1926 e meados da década de 60 e essa época
compreendia as grandes idéias sobre educação, da marcha para oeste, do esforço
pela territorialização, da visão megalópica e global da sociedade brasileira e
seus problemas. E neste sentido, Fernando de Azevedo acreditava que uma
revolução das mentalidades, que se daria por meio da educação, seria o passo
fundamental para as mudanças das estruturas sociais.
CARACTERIZAÇÃO
DE UMA CONSCIÊNCIA
As idéias
educacionais de Fernando de Azevedo estão profundamente ligadas às preocupações
de ordem ética e política que sempre nortearam seu pensamento. Nessas idéias
estava incluído o pressuposto de que a transformação da educação brasileira
traria reflexos positivos sobre a estrutura da sociedade brasileira como um
todo. Dizia que sã educação do cidadão é condição para a saúde do Estado.
Procura equacionar a
oposição indivíduo e sociedade na formação da personalidade humana e fazendo
referência aos estudos de Immanuel Kant, julga estar na consciência coletiva e
no princípio da justiça o meio fundamental de realizar as mudanças
almejadas.
Para ele “a escola
organizada em regime de vida e trabalho comum não deve tender a sacrificar ou
escravizar o indivíduo à comunidade, nem prescindir os valores morais, na
formação da personalidade humana” (PENNA, M. L., 1987).
Neste sentido, “só
redundará em proveito da sociedade o individuo cuja personalidade atingir o
máximo de desenvolvimento, e, portanto, de eficiência dentro das aptidões
naturais” (PENNA, M. L., 1987).
A educação contém em si inúmeras
possibilidades. Uma delas é de conduzir o indivíduo através do exercício da
razão, pelo caminho da ética e a outra seria a de considerar que o espírito crítico
é a via real que busca soluções para as questões do mundo.
Percebe-se claramente
que a idéia da moral para a educação é um dos conceitos fundamentais deste
autor e que ele acredita que a formação da personalidade moral e do sentido
social seriam as duas finalidades essenciais do processo pedagógico.
2. O
PROJETO AZEVEDIANO DE RECONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE POR MEIO DA EDUCAÇÃO
O surgimento de uma
consciência educacional emergiu de uma geração vítima, ela própria, das falhas
do meio social e do sistema educacional que se formou. Essa consciência não
eclodiu de repente, mas já estava em formação desde os anos 20.
Neste contexto, duas
idéias vetores parecem constituir o cerne da reforma educacional realizada por
Azevedo em 1928 quando este ocupava o cargo de diretor de instrução pública no
Distrito Federal, como também no Manifesto dos Pioneiros, redigido por ele.
1 – A necessidade de uma mudança nas
mentalidades;
2 – A constatação de que o problema da
educação é de ordem filosófica e política.
A transformação das
mentalidades estaria vinculada ao ideal de um novo humanismo e à possibilidade
de se fazer da escola um elemento ativo e dinâmico da sociedade. Além disso,
deveria-se abandonar uma concepção social vencida da escola sem sentido,
produtora e reprodutora do status quo.
Fernando de Azevedo concorda com Antônio
Gramsci, em relação às críticas que faz à escola tradicional, “instalada para
uma concepção burguesa que mantém o indivíduo na sua autonomia isolada e estéril,
resultante do individualismo libertário”. Critica ainda, toda cultura verbal,
que estaria demais afastada do concreto, cheia de retórica e poesia, demais
desdenhosa das realidades humanas e sem contrapeso científico.
O que o autor almeja,
é nada menos que uma “Revolução Educacional” com a participação do povo, até
então, alijado do processo educativo.
3.
EDUCAÇÃO E POLÍTICA
A contribuição
original de Fernando de Azevedo não está apenas em ter incorporado ao seu
pensamento os ideais da Escola Nova, mas por colocado como finalidade
primordial no sistema educacional a concepção de vida. A educação deve ser uma
reação categórica contra a velha estrutura, artificial e verbalista.
A constituição de
1934 incorporou pontos fundamentais das reivindicações católicas, como o ensino
religioso e também algumas aspirações mínimas da escolanovista. Porém, depois
dessas iniciativas, pareceu declinar, no Brasil, a campanha de renovação
escolar que se vinha desenvolvendo com uma crescente intensidade por mais de dez
anos.
A educação é um
problema político, pois exige uma mudança de mentalidade que teria como
conseqüência a mudança na estrutura da sociedade como um todo. Além de Azevedo
entender a educação como um problema político, ele também traz uma concepção
Escola de Trabalho, na qual apresenta a função da escola como eminentemente
social no sentido de preparar para a vida, na qual o trabalho tem papel
fundamental. Assim, a idéia de Azevedo era uma educação profissional que
visasse dotar os alunos de capacidade técnica e incentivar a prática através de
um ofício. A revolução industrial na década de 20 e 30 trazia a tona essa
necessidade, ou seja, a urgente preparação de técnicos de todos os níveis até
operários qualificados.
Outra concepção que o
autor nos traz é sobre a Escola-Comunidade, na qual ele destaca mais uma vez a
importância da formação do indivíduo que deveria atingir o nível máximo de
desenvolvimento. Segundo ele, a escola não deveria apenas preparar para o
trabalho, mas também para a convivência em sociedade e para a solidariedade,
que segundo o autor é “a primeira entre as virtudes do cidadão de uma
democracia livre”.
Bastante inovadora na
época, essa concepção não foi colocada em prática devido ao aparelho
burocrática escolar e também por considerarem a educação como mero problema
técnico. Mas para que toda essa mudança de fato ocorresse, seria necessário,
segundo Azevedo uma formação de elites. Essa concepção está presente em todo
seu pensamento e ele se refere às elites como sendo a elite intelectual formada
pelas universidades. Estas seriam responsáveis por formar os demais indivíduos,
dando a eles uma concepção crítica de sociedade, necessária para a mudança tão
almejada.
Porém, dentro deste
contexto de elites definido por Azevedo, percebe-se uma contradição. Conforme
seus conceitos, era necessária uma revolução na base socioeconômica da
sociedade que viria das massas, mas que seria encabeçada pelas elites. Ou seja,
não há no pensamento de Fernando de Azevedo uma idealização do povo, pois o
considera carente de educação e cultura, há por outro lado, ênfase na
importância e necessidade de uma elite intelectual, que deveria ter como
objetivo o progresso histórico, os interesses coletivos e o desenvolvimento das
forças produtivas.
Para finalizar,
Azevedo apresenta o caminho que levaria à transformação na sociedade por meio
da educação, como ele almejava. Para tanto, ele passa a analisar o papel das
escolas e das universidades e afirma que a sociedade reflete-se nas
instituições e entre elas, na escola, fator de unidade e estabilidade. Por isso
a escola torna-se presa fácil para as classes conservadoras, interessadas na
manutenção de um tipo de educação, que constitui-se num dos meios mais eficazes
de conseguir a continuidade.
Afirma ainda, que os que dela (escola)
saem, não saem preparados pra vida, mas com uma bagagem inútil de conhecimentos
obsoletos, que de muito pouco lhe servirão, certamente os mais atingidos por
este modelo são os desfavorecidos economicamente. Há uma defasagem cultural
entre a escola e o mundo, entre a rotina pedagógica e as transformações por que
passa a sociedade.
Assim, o grande papel
da escola não é se adaptar ao meio, mas premonir e de fortificar-se contra ele,
de preparar homens que sejam capazes de reagir contra ele e modificá-lo.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Diante do exposto
sobre o pensamento de Fernando de Azevedo, percebe-se que sua grande
contribuição para a pedagogia, foi chamar a atenção para o papel da educação
para os indivíduos e para a sociedade.
Seu objetivo maior era consolidar uma
educação que tivesse um caráter transformador da realidade social. Que mudasse
a mentalidade dos indivíduos, que os tornasse seres críticos e os capacitasse
para a mudança que afetaria a sociedade tanto economicamente quanto
socialmente.
Para tanto sugere que
a escola deveria ajustar seus conceitos às realidades do mundo e trazer para
dentro da sala de aula conteúdos que “preparassem os indivíduos para a vida”, o
que não ocorre no contexto pedagógico atual.
Na atualidade, os
conceitos de Fernando de Azevedo não estão sendo postos em prática, pois a
grade pedagógica compreende conteúdos, muitas vezes, “engessados”, onde a
estrutura como um todo e até mesmo o professor não tem tempo hábil de além de
passar os conteúdos curriculares, desenvolver no aluno o senso crítico e
prepará-los para a vida, como pretendia o autor.
Talvez alguns passos
estejam sendo dados neste sentido, como por exemplo, a introdução da sociologia
e da filosofia na grade curricular do ensino médio. São duas disciplinas cujo
objetivo maior é justamente trazer à tona e discutir os problemas sociais,
econômicos, políticos e estruturais da sociedade, instigando o aluno a pensar
criticamente e a se posicionar dentro do contexto.
Outro ponto que
talvez contribua para a introdução do pensamento de Azevedo no contexto
educacional é a junção das grandes áreas (ciências humanas, ciências da
natureza...), de modo a gerar uma interdisciplinaridade, abrindo espaço para a
discussão de outros conteúdos, não apenas os propostos pelo currículo tradicional.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
PENNA, Maria Luiza. Fernando de Azevedo: educação e transformação. São Paulo: Editora
Perspectiva, 1987.
queria saber tudo sobre a concepçao sociologica de fernando azevedo
ResponderExcluirSeu referencial teórico é Émile Durkheim. Parte de sua metodologia analítica para analisar o sistema educacional brasileiro e propor um novo modelo.
ExcluirSeu referencial teórico é Émile Durkheim. Parte de sua metodologia analítica para analisar o sistema educacional brasileiro e propor um novo modelo.
Excluirqueria saber tudo sobre a concepçao sociologica de fernando azevedo
ResponderExcluirFoi de grande ajuda para minha pesquisa.
ResponderExcluirFoi de grande ajuda para minha pesquisa.
ResponderExcluirÓtimo texto!
ResponderExcluiradorei o conteúdo, me ajudou muito no meu trabalho ..
ResponderExcluirparabéns
Essa eh o projeto social de Fernando Azevedo
ResponderExcluirEssa eh o projeto social de Fernando Azevedo
ResponderExcluirQUE CRITICAS fERNANDO DE AZEVEDO FAZ A ORGANIZAÇLAO E AO ENSINO JESUITICO?
ResponderExcluirNum leu não porra?
ExcluirParabéns me ajudou muito no meu trabalho
ResponderExcluiruma citação de Fernando Azevedo que fale sobre escola comunidade e o quê eles quiz dizer com essa citação
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